terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Vida Consagrada: A vida espiritual em primeiro lugar


A vida consagrada, como qualquer forma de vida cristã, é dinâmica por natureza e todos quantos são chamados pelo Espírito a abraçá-la precisam renovar-se constantemente no crescimento em direção à plena estatura do Corpo de Cristo (cfr. Ef 4, 13). Ela nasceu pelo impulso criativo do Espírito que moveu os fundadores e as fundadoras pela estrada do Evangelho, suscitando uma admirável variedade de carismas. Eles, disponíveis e dóceis à sua guia, seguiram a Cristo mais de perto, penetrando na sua intimidade e compartilhando-lhe plenamente a missão.

A sua experiência do Espírito pede ser não apenas custodiada por quantos os seguiram, mas também aprofundada e desenvolvida.60 Também hoje o Espírito Santo requer disponibilidade e docilidade à sua ação sempre nova e criativa. Só ele pode manter constante o frescor e a autenticidade dos inícios e, ao mesmo tempo, infundir a coragem do empreendimento e da inventiva para responder aos sinais dos tempos.

É preciso, pois, deixar-se conduzir pelo Espírito em direção a uma descoberta sempre mais renovada de Deus e da sua Palavra, a um amor ardente por Ele e pela humanidade e a uma nova compreensão do carisma dado. Trata-se de firmar-se sobre a espiritualidade, entendida no sentido mais forte do termo, ou seja, a vida segundo o Espírito. A vida consagrada hoje necessita sobretudo de um novo impulso espiritual, que ajude a levar à concreção da vida o sentido evangélico e espiritual da consagração batismal e da sua nova e especial consagração.

«Portanto, a vida espiritual deve ocupar o primeiro lugar no programa das Famílias de vida consagrada, de tal modo que cada Instituto e cada comunidade se apresentem como escolas de verdadeira espiritualidade evangélica».61 Devemos deixar que o Espírito abra com superabundância as fontes de água viva que brotam do Cristo. É o Espírito quem nos faz reconhecer em Jesus de Nazaré o Senhor (cfr. 1 Cor 12, 3), que faz ouvir o chamado ao seu seguimento e nos identifica com Ele: «Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo» (Rm 8, 9). É Ele quem, fazendo-nos filhos no Filho, testemunha a paternidade de Deus, faz-nos conscientes da nossa filiação e nos concede a audácia de chamá-lo «Abá, ó Pai» (Rm 8, 15). É Ele quem infunde o amor e gera a comunhão. Em definitiva, a vida consagrada exige uma renovada tensão à santidade que, na simplicidade da vida de cada dia, tenha como escopo o radicalismo do sermão da montanha,62 do amor exigente, vivido numa relação pessoal com o Senhor, na vida de comunhão fraterna e no serviço a cada homem e a cada mulher. Tal novidade interior, inteiramente animada pela força do Espírito e tendida em direção ao Pai na busca do seu Reino, consentirá às pessoas consagradas partir de Cristo e ser testemunhas do Seu amor. 

O chamado a reencontrar as próprias raízes e as próprias opções na espiritualidade abre caminhos ao futuro. Trata-se, em primeiro lugar, de viver em plenitude a teologia dos conselhos evangélicos a partir do modelo de vida trinitário, de acordo com os ensinamentos de Vita consecrata,63 com uma nova oportunidade de confrontar-se com as fontes dos próprios carismas e dos próprios textos constitucionais, sempre abertos a novas e mais comprometedoras interpretações. O sentido dinâmico da espiritualidade oferece a ocasião de aprofundar, neste momento da vida da Igreja, uma espiritualidade mais eclesial e comunitária, mais exigente e madura na recíproca ajuda para a consecução da santidade e mais generosa nas opções apostólicas. Finalmente, uma espiritualidade mais aberta a se tornar pedagogia e pastoral da santidade dentro da vida consagrada e na sua irradiação em favor de todo o Povo de Deus. O Espírito Santo é a alma e o animador da espiritualidade cristã, por isso é necessário confiar-se à sua ação, que parte do íntimo dos corações, manifesta-se na comunhão e dilata-se na missão.

Do Documento Partir de Cristo, UM RENOVADO COMPROMISSO DA VIDA CONSAGRADA NO TERCEIRO MILÊNIO

Fonte: Comunidade Doce Mãe de Deus

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