segunda-feira, 16 de junho de 2014

Necssidade permanente de convivência

Dom Aloísio Roque Oppermann - Arcebispo emérito de Uberaba, MG.

Parece que o mundo moderno acentuou demais a importância da pessoa individual. O subjetivo tornou-se um valor imprescindível. Em grande parte é isso mesmo. A auto-realização virou um ideal de plenificação. Não podemos mais
repreender uma criança quando ela diz: “este brinquedo é meu”. É um estado de alma que permite fazer crescer a auto-estima. Devemos achar isso certo. Mas com isso corremos o risco de realçar o isolamento. Cada um carrega consigo uma propensão de se encerrar num círculo, ao qual ninguém tem acesso. Quase nos tornamos anacoretas psicológicos. Não seria o medo de alguém roubar a nossa felicidade? Na verdade tal atitude nos empobrece. Não podemos ser corujas solitárias. (Ou você já viu um bando de corujas?) Como filhos de Deus nós carregamos em nós uma tendência impossível de anular. O Criador é um ser comunitário, porque vive na Trindade. “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn. 1, 16). A nossa inclinação para a convivência com o semelhante faz parte da nossa natureza.

Jesus, para fortalecer seus discípulos na fé, reuniu-os em comunidade. A Igreja nascente, desde o começo, é um ente comunitário. Já não sois peregrinos, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef. 2, 19). Por isso, a preocupação de São Paulo foi de fundar comunidades em toda a parte. Desde cedo São Bento reuniu os monges, que procuravam viver a perfeição cristã, em comunidades religiosas. Os Bispos, sucessores dos Apóstolos de Cristo, reuniram os Fiéis em Dioceses e Paróquias. Os próprios Leigos sempre aspiraram a agrupamentos para fortalecer a fé, tais como Associações, Ligas, Congregações, Pastorais, Irmandades...”Ao que anda sozinho o lobo pega”, diz o povo. Uma entidade, a Paróquia, parecia ter se tornado um peso morto e inútil. Agora está voltando à vida plena, porque quer dar um salto de qualidade. No Brasil, ela não é mais pensada como uma grande comunidade, cujos membros se reúnem na Matriz. Mas se considera a mãe de inúmeras outras pequenas comunidades: grupos de reflexão, círculos bíblicos, associações, grupos de oração, capelas, visitadores domiciliares, evangelizadores...A Paróquia renovada é a mãe que reúne todos os filhos da grande família.


Fonte: Portal Ecclesia

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